segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Capítulo III - dos amores sazonais
O acaso não entra em filas.
E dispensa o rigor das senhas.

No amor, perder também é regra:
os sentidos, os medos, os roteiros...

O mesmo beijo que tira o ar
leva ao abraço que altera o olfato.

Alguns encontros são, de fato, inusitados.
Tem amor que começa no olho
e termina no tato.

Tem adeus que vira lágrima,
outros viram abraço.

Algumas dúvidas mudam a visão dos fatos,
outras recriam espaços.

Dizem que o amor é doença sem cura,
onde há dois, há loucura!

A razão de todo louco é a emoção:
não é amor ou paixão,
não é carinho ou tesão,
não é capricórnio, nem escorpião!

Amor é sentir com o coração
é reiventar uma paixão
é perder com o sim e ganhar com o não
é essa insana contradição!

Amor é metade que vira inteiro
é relógio sem ponteiro
é afeto em primeiro, se possível,
de Janeiro a Janeiro...

quinta-feira, 26 de março de 2015

maré

o mar o mar o mar o mar o mar o mar o mar
re mar re mar re mar re mar re mar re mar
somar somar somar somar somar
há mar há mar há mar há mar
sol mar sol mar sol mar
a mar a mar
a maré onde amar é remar
há mar há mar há mar
pra lavar pra levar e amar!
o mar o mar o mar o mar o mar o mar o mar
re mar re mar re mar re mar re mar re mar
somar somar somar somar somar
há mar há mar há mar há mar
sol mar sol mar sol mar
a mar a mar
a maré onde amar é remar
há mar há mar há mar
pra lavar pra levar e amar!
o mar o mar o mar o mar o mar o mar o mar
re mar re mar re mar re mar re mar re mar
somar somar somar somar somar
há mar há mar há mar há mar
sol mar sol mar sol mar
a mar a mar
a maré onde amar é remar
há mar há mar há mar

pra lavar pra levar e amar!

sábado, 16 de agosto de 2014

sobretudo, Nada!

Tudo sempre tem um começo. Nada, não.
O Nada se basta. A sinonímia nem sempre tem avesso.
Tudo pode sempre ir além. E mais. Tudo sempre pode.
Nada, não. O Nada é a personificação da impotência.

Sobretudo, não se pode ter tudo. Nada, sim.
O Nada é a perimetral de Tudo.
O acesso é livre e ilimitado.

Sobretudo, para o Tudo é preciso voz.
Para o Nada, vez. Para ambos, basta perder (-se):
Ou a vez, ou a voz.
Quem Tudo tem, transforma em voz.
Quem Nada fala, perde a vez.

Nada está sempre no meio: nem mais nem menos.
O mesmo tênue e cruel talvez...

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Ao lado do querer

No passatempo do sentir,
na esteira do deixar-se levar,
bebemos da mesma fonte:
a do sabor!

Afogados.
Inundados.
Cheios...

Qualquer canto virou lar.
Todo encanto veio em par.
Dá pra ver que não basta sentir:
é preciso querer!

Não se trata de frio,
muito menos de calor.
O querer que verso aqui vem,
por fim, a ti propor:

tens fôlego pra mergulhar
em mais 4 semanas de amor?

domingo, 10 de novembro de 2013

pós-2.5, das visões de si (como 'eu-fluido')

Não se nasce puta. Nem se vira puta aos 25. Na verdade, nunca se é puta pela própria boca – é o desejo, a inveja ou a impotência do outro que nos torna referência discursiva: o “assim-puta”. Assim-puta demanda domínios mais amplos, que ultrapassem o discurso e superem o mero fazer: fazer-se puta é coisa da boca alheia e, em alguns casos, nos melhores casos, da pele também. Um verdadeiro assim-puta prefere gozar do tempo, dos corpos e das coisas a ter somente a fama. Nunca é uma dama nem boa de nome: assim-puta é meio copo de sede, prato cheio de fome...