terça-feira, 12 de junho de 2012


tem cara tem troco

Era alto, magro e de olhar desconfiado
Era feito, moreno e de agir malicioso.

Tinha dança, calor, energia e movimento
Quatro paredes, ou mais. Momento.

Era gente, era olhar, era lábio, demora
Era olho no olho na hora.

Era lábio no lábio do moço
Não era amor, não era nada.
Não era ele, nem era outro
Foi no cara, coroa, no preço: foi troco.


As tão-manas

A pele tem o bom tom
O mesmo.
De sangue herdaram apenas a cor
A cor única.
O sorriso lhes cabe em ponto
A mesma métrica.

Cabelos lisos, palidez correta, curvos sorrisos e olhos de boneca
Uma porcelana, a outra de ferro
Uma entorta, enferruja. A outra que-
bra.

Cabelo liso. E um falso sorriso.
Palidez correta? Rugas na testa.
Risadas curvas. Mania (ou ingenuidade!) de gente burra .
Olhos de boneca. Solitárias de beca.
Tão ideais, tão belas, e tão humanas!
Tão disformes. Tão similares. Tão manas.

Tão manas!

(homenagem a duas bonecas que humanizaram-se)