segunda-feira, 30 de maio de 2011


Incômodo

(Em cima do mármore, pairam uma maçã, uma banana e uma laranja...)

[Cru]
São vidas inteiras espalhadas.
Pra cada uma um vento, um sopro...
Da (imunda) boca humana geram-se duas relíquias: o amor e a paixão.
Para o primeiro, ah, jorram-se os lábios...e se (con-) (re-) (dis -) torcem também.
E depois vem mais e mais!
Ai, os apaixonados! A paixão é um cuspe mais fluido. Aos que amam, a solidez. E um fuck you também!
[Apaixonado]
A nós, apaixonados, o prazer do incômodo, da angústia, do sofrer, o prazer líquido! [...]
[Amado]
Vidas organizadas não sentem  um trisco sequer de vento no cangote, nem ao pé do ouvido, nem à frente de seus olhos, bem pertinho das sobrancelhas, aquele sopro leve, suave, que faz cócegas nos cílios... e na alma também.
Na verdade, vidas organizadas são ventanias mascaradas, são tornados emudecidos.
Gosto mais dos que preferem o risco. Arrisquei-me a preferir isso.
Sem medo, a dor só vem depois. Do contrário, é melhor amar mesmo. E ser um eterno romântico.
Feliz, medroso e romântico.
[Amante]
Ame antes, pra chorar (ou jorrar!) depois.
Assim fica mais fácil meter-se no meio do tornado e encontrar, em meio a tantas coisas boas, o melhor dos incômodos...
A maçã ou a banana?
Ai, a dúvida!