quarta-feira, 27 de outubro de 2010




Fubicicletear

O transporte seguia em linha reta. As idéias não.
Meus ouvidos pulsavam, até mais rápido que...
Mais uma vez à janela.
A rota era diferente, a direção não.
Gosto mais do lado esquerdo. Sou supersticioso, e apartidário.
Na contramão: dois homens, uma bicicleta e um cigarro.
Pela primeira vez na vida...
O cansaço, além de esgotante, é inerte. A noite não. É perene e
convidativa.
A noite, da janela, não é menor. O espaço é curto, a visão não.
Ao longe, vinham dois homens e uma bicicleta. Eram dois homens
em uma bicicleta.
Se se pensa demais, o cérebro frita. E os neurônios viram fumaça.
Por falar em fumaça, havia também...
Meu irmão fuma desde os 14. Eu tenho 21 e nunca fumei um cigarro.
O cheiro das coisas sempre foi minha maior curiosidade. Menos o da
fumaça da porcaria do cigarro.
Meu irmão tem 37 e...
Eram dois homens, uma  bicicleta e um cigarro.
Dois homens, em uma bicicleta, com um cigarro.
Pra quê?
Hoje penso que fumar é burrice e andar de bicicleta é saudável.
Não gosto de cigarro. Nem de fumaça. Só se a fumaça for minha.
Dos meus próprios neurônios. E, sem cheiro.
Os homens estavam sem camisa. Creio que o cigarro também.
Pra quê?

terça-feira, 26 de outubro de 2010




onredom-sóp adicius O

(Convexo)
...
O espelho não é mais o meu outro lado.
O espelho não é mais o meu reflexo.
O reflexo não é mais o espelho que existe em mim.
Eu não sou mais o meu reflexo.
Eu não mais brilho como o espelho.
Eu não sei mais onde está o outro lado, o lado-eu.
Por isso me afogo todo dia nessa realidade sem cor
e sem nexo.
Convexo.
(...)